"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

26.6.12

Silêncio em cartaz



Eu poderia fazer um monólogo com essas falas que acabo por não dizer! [te dizer]
Ou uma sinfonia de batidas cardíacas!
Se preferir, um dueto de suspiros com dois pulmões.

Meu silêncio em cartaz!
Fecham-se as cortinas...



Quando fui te escrever  silêncio me faltou tinta...

12.6.12

Feliz dia dos Namorados!




- Toda minha família era contra o meu casamento. Eu sofri demais minha filha. Eu fiquei noiva de um rapaz, por 2 anos e meio. Mas ele foi morar em Brasília. Mas eu gostava mesmo do seu avô. Só que ele nunca chegava em mim. A gente se conhecia desde criança, morávamos no mesmo sítio. O irmão dele se casou com minha irmã. Meus pais tinham uma confiança grande nele. Mas quando eu comecei a namorar com ele mamãe foi contra. Aí eu tive que sair de casa. Saí de casa. Arrumei um vestido todo de renda com uma amiga minha, fui provar o vestido em João Pessoa escondida de mamãe. Porque quem me levou foi seu avô, e naquele tempo a mulher não podia sair com o homem porque o povo já dizia coisa sabe? Pois seu avô pagou o taxi de Alhandra pra João Pessoa pra eu poder provar o vestido. E eu ainda ganhei um arranjo pra o cabelo e pras mãos. Arrumaram tudo pra gente. Eu não queria chorar no dia do casamento, porque ninguém da minha família apareceu. Nem  mamãe, nem papai. Sofri demais minha filha... - ela para de falar e vai até a janela que dá para o bequinho cheio de plantinhas e grita - Ô Valdo, vem almoçaaar! - ela chama vovô que tá sentado lá fora, e volta a se encostar no balcão da cozinha - Mas é assim mesmo né minha filha? Eu sempre tive muita fé em Deus. E a gente tá juntos vai fazer 50 anos.


E eu ouvi isso e muito mais hoje, no dia dos Namorados. E se me perguntarem o que é amor eu digo que é isso. Eu digo que quando eu for bem velhinha e alguém me perguntar sobre o grande amor da minha vida, eu não quero procurar em fotografias, nem buscar na memória, eu quero gritar que nem ela "Ô Valdo, vem almoçar", quero poder dizer, "Ele tá ali, sentado olhando a rua..."

Aos meus Avós, Dona Ná e Seu Valdo.


"De todo amor que eu tenho, metade foi tu que me deu" (Maria Gadú)

5.6.12

Meu mundo não é cor de rosa




Meu mundo não é cor de rosa, eu não vivo um conto de fadas num dia claro de sol! Depois de vários tropeços eu venho me desacostumando aos costumes rotineiros. Talvez mudando a cada pôr do sol. Endurecendo a cada nascer do dia. Chega um tempo em que a gente raciocina, e sabe a hora certa de parar de sonhar, e encarrar a imagem que vê no espelho. Chega o dia que você tem que acordar cedo e assumir responsabilidades daquelas bem chatas. Hoje pouca coisa me interessa nessa vida, os terceiros estão escanteados, as cartas que colecionava estão rasgadas, os sonhos guardados, os dramas esquecidos e o coração pendurado no armador de rede. Minha vida não é cor de rosa, tenho todas as cores, só falta tempo para pintar. Os dias têm sido acolhedores, ternos e quentes... Chegou, o dia em que a dor é poesia e o amor uma página em branco.