"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

17.2.12

Eu não sei me dar em conta-gotas


Como químico, eu tenho que lidar com valores definidos, ditos estequiométricos, em pequenas proporções e medidos em todo tipo de quinquilharias volumétricas. Pensando bem, parece que todo mundo anda querendo dar uma de químico também. O cara das lentes me disse que o segredo é "não querer". Assim... "não querendo" e se dando em pequenas proporções, você se faz desejar. Ora, que grande problema para mim, eu não sei me dar em conta-gotas, não tenho a manha. A menina loira da loja de incensos sim, ela parece só se administrar por prescrição, faz você ruminar desejo, esperar de boca aberta e olhos cerrados. O cara das lentes diz que esse é o charme. Mas por quê? Acaso não dói? E o que dizer da menina de cabelos cacheados? A única que se entregava completamente e com toda honestidade, já não era mais objeto do meu desejo, foi-se o tempo. Todo o "não" que não sou capaz de dizer, ou essa  indiferença calculada que não sou capaz de demonstrar acabei por devotar a ela, e não foi nenhum pouco prazeroso. Estranho pensar porque seria esse "o segredo". Esse tipo de jogo me soa estranho demais. Ora vocês aí! Deixem essa merda de lado e se deem! Se despejem, escorram e transbordem. Deixem de lado qualquer convicção ecológica e não economizem! Digam: quero ter e quero dar! Vocês, que tem  companhia para o jantar, porque jantar sozinho é uma droga! 
Pronto, é isso...

Por um amigo Terráqueo, Rhafael Cainã Santos

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