"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

29.9.17

Das ruínas à Glória!

Quando meu relacionamento acabou, eu pensei que ali também era meu fim.
Eu imaginei que aquilo era tudo o que eu tinha na vida.
Eu pensava que ele era o cara mais fantástico do mundo, e que encontrar alguém como ele seria a tarefa mais árdua (pra não dizer impossível) que eu teria que enfrentar.
Eu estava vivendo um inferno.
Nada, absolutamente nada fazia sentido.
Perdera a melhor coisa que havia me acontecido até então.
Fiquei sem chão.

Passei dias, semanas, meses dormindo e acordando chorando, de cara inchada, sem vontade de sair, sem vontade de comer, sem vontade de viver!
Parei a dissertação, parei a academia, parei minha vida por conta de outra pessoa.
Tudo me lembrava ele, tudo tinha o jeito dele, o cheiro dele, a forma dele.
E tudo o que eu amava se tornou sem graça sem ele.

Eu fiquei arrasada, desmoronada, eu passei meses ali, nos escombros respirando poeira.
Pensando que a vida era aquilo ali, me apegando a qualquer lembrança boa que tenha sobrado daquela devastação.
Eu estava mesmo devastada. Sem esperança nenhuma de que a vida voltaria a ser boa.
Eu estava no chão!

Eu não me reconhecia. Aquela não era eu.
Na verdade eu não era eu a alguns anos, sempre me podando, tentando não errar, pisando em ovos, tentando agradar. E nunca agradava, que incrível!
Tudo que eu fazia nunca era o suficiente,
Sempre tinha uma mulher "mais bonita, mais inteligente e mais gostosa" que eu,
Assim, com essas exatas palavras.
Não importava o quanto eu me dobrasse e desdobrasse.
O quanto tentasse acertar, um deslize provocava um terremoto.

Mas aí a vida me deu uma chance, foi um estalo, um empurrãozinho pra que eu respirasse de novo, depois de ter engolido bastante água.
Peraí!! Essa não sou eu, essa não é a pessoa que quero ser. Tá doendo? Tá. Mas não vai doer pra sempre! Um dia passa!
Porra! Era a minha vida que estava ali!
Eu não passei tanto tempo tentando ser o que sou hoje, estudando, experimentando, me arriscando, investindo, pra ficar choramingando no chão!

A vida era minha, os sentimentos eram meus, era meu futuro, minha felicidade, e tudo isso dependia apenas de mim, e por mais que meu coração estivesse em pedaços o mundo não ia parar de girar para que eu colasse cada pedacinho! Minha felicidade não girava em torno de outra pessoa e nem dependia de ninguém a não ser de mim mesma! Não era a primeira vez que alguém partira meu coração, e nem seria a ultima.

Recolhi meus caquinhos, consertei, reconstruí, aprendi com meus erros, me ergui, mais forte que da ultima vez, sem usar ninguém pra isso, sem esconder os sentimentos, sem gerar ódio, sem mágoa, sem rancor.
Me reconciliei com a vida, mas antes disso me reconciliei comigo mesma, antes de perdoar erros alheios, perdoei os meus. Não me sentia condenável, nem presa a nada, muito menos ao passado.
Me apaixonei de novo, por mim mesma, pela vida e por tantas outras pessoas depois.

E eu, que havia pensado que era o fim, era só mais um recomeço,
Mais um inicio de uma nova fase, de uma nova era.
Todo o caos me serviu para mostrar que a vida pode ser linda mesmo depois de perdas,
E que ela pode prosseguir por mais insuportável que sejam essas perdas.
A vida pode ser boa novamente.
E ela é, incrivelmente boa!
E cá estou eu catando novos cacos, e reconstruindo!
Sou feita de retalhos!