"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

12.10.20

Sentir esse serzinho crescendo dentro de mim, é a loucura mais emocionante, a alegria mais intensa que senti na vida.
Certamente esta frase é a mais carregada de amor de todo este blog.

25.10.19

Oi querida, voltei




Enquanto eu estou sentada na sala com meu chá de camomila na mão,
ele entra pela porta da frente calmamente, olha em meus olhos.
Um passo na frente do outro, terno vermelho, gravata roxa, cabelos grisalhos bem penteados para o lado esquerdo, olhos escuros e fixos em mim, a barba ainda para fazer e um cheiro forte de perfume barato.
Ele puxa a cadeira que esta na minha frente e se senta.
Põe o cigarro na boca, procura o isqueiro.
Acende.
Puxa. Prende.
Solta a fumaça em meu rosto enquanto diz:
-Voltei!
Eu asmática, tusso e tusso, e tento afastar a fumaça da minha frente.
Respiro fundo e me conformo.

É assim que o amor chega.

10.6.19

meu peito em chamas

Dizem que aquariana carrega frieza.
Que desapega tão rápido que nem da tempo da historia virar historia.
Tudo não passa de um breve conto de 3 linhas.
Mas parece que dessa vez, o gelo derreteu no calor daquele quarto.
E cada minuto junto foi contado com riqueza de detalhes
A historia se repetia mil vezes na mente, e no coração fogo queimava.
Igual fogueira de São João.
O peito em chamas.


25.3.19

Não era amor!

Não era amor.
Aquele aperto no peito, o nervosismo refletido no embrulho do meu estômago, a ansiedade em te ver.
Nada disso era amor.
Era remorso, culpa, medo. Mas não amor.

Era a vontade de remediar erros, de cobrir mágoas, de reverter consequências negativas.
Era um esforço inconsequente para a aceitação.
Era uma tentativa de retorno ao que já foi bom um dia.
Era saudosismo que insistia em reviver momentos que permeavam a cabeça.

Não era amor.
Era apego.
Era culpa.
Era aprovação.
Já foi amor, não era mais.

22.2.19

Sobre separações e escova de dente

Hoje eu entrei no apartamento, tava uma bagunça, a ultima vez que dormi lá foi com você.
Duas plantinhas morreram, o majericão e a cebolinha. Minha Calandiva floresceu de novo.
Hoje joguei tua escova de dente no lixo. A verde.
Simplesmente tirei ela do porta escovas e joguei no lixo do banheiro, para evitar fadiga e me livrar logo.
Essa semana achei tua 3x4 na minha bolsa, me livrei dela também, como me livrei daquele quadro verde.
Minha pulseirinha do Senhor do Bonfim se soltou hoje, antes que os meus três pedidos se realizassem, ainda bem, porque você estava em cada um deles.
E eu não queria nessa altura do campeonato que eles se realizassem.
Você perdeu espaço na minha vida, depois que eu percebi que nunca tive espaço na sua.
E agora nunca mais eu te dou uma escova de dente. Nem toalha!
E nem um minuto do meu tempo!
Nunca mais!
Se vire!
Ouras!





11.2.19

da Poeira


A gente é muita poeria cósmica vinda de vários lugares e  pertencentes a nenhum deles.

1.2.19

Querido Jack III

Querido Jack


    Hoje de manhã eu estava refletindo o seguinte, quando eu era uma criança, eu e minha irmã brincávamos em baixo da cama. Eu adorava, costumava brincar até sozinha lá em baixo. Entrava ali e imaginava um mundo de coisas. Várias vezes aquele lugar foi o Universo inteiro, cheio de poeira  que me faziam espirrar por horas. Tinha dois buracos negros, do lado esquerdo eu entrava, do lado direito eu saía.
    Eram só eu e minha nave, controlava todos os botões, desviava dos asteroides que passavam raspando na nossa asa (minha aeronave tinha uma asa igual de avião), conhecia planetas e várias outras coisas absurdas que só existiam no meu universo, como o santuário das borboletas, que era um lugar no universo, que eu adorava, onde tinham borboletas estrelares e coloridas que orbitavam um enorme girassol.
    Mas, lá embaixo,  não tinha só universos, era também meu esconderijo no pique-esconde, era meu esconderijo no polícia e ladrão, como também era a própria prisão. Era também debaixo da cama que se escondiam os gnomos que roubavam meus pares de meias, e sapatos, ou até aquele brinco que eu sempre perdia. Consegue entender o quando "debaixo da cama" é importante para uma criança?
    Só que agora não existe mais isso! Os pais compram cama box pra seus filhos, e aí não tem mais universo, nem esconderijo, nem prisão e  nem pares de meias perdidas. Que tipo de infância essas crianças vão ter Jack? Muito sem graça.
   Por isso queria te dizer, compre uma cama normal para seu filho, ele precisa passar por todas as experiências de vida de uma criança, e o monstro que mora lá em baixo, é apenas mais um detalhe.

Até breve Jack.
Com amor, Brisa.

28.1.19

Acabou?

Quando o amor acaba?
Em que momento ele acaba?
É quando a gente não quer ver mais a pessoa?
Ou quando a gente não quer falar com ela?
Ou será que ele acaba quando a gente só quer responder por emoji?
Antes disso, será que o amor acaba quando a gente deixa de falar com a pessoa por um dia?
Ou é quando a gente não compartilha um acontecimento?
O amor acaba numa briga?
Ou acabou quando ele mentiu, antes da briga?
Mas será que na reconciliação o amor ainda estava lá?
Quando o amor acaba, será mesmo que ele acabou?
Ou é apenas uma chateação momentânea?
O amor, quando é amor, acaba?
Ou tudo se acaba quando não é amor?
Foi amor?
- Acabou!