"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

8.4.13

Shh...

Dor, quem não já sentiu? Daquela que faz arrepiar cada pêlo do corpo, que embaralha os pensamentos e faz de cada palavra um gemido. Dor! Não do corpo, da alma! Não a dor de esfolar o joelho no concreto, nem a dor de uma surra, nem aquela dor quando uma pedra atinge sua cabeça e você tem que levar pontos. Dor é aquela que dói o coração. É a dor em segredo, a dor que mói todos os seus ossos, sem ao menos apertar sua carne! A dor febril sem temperatura alta, a dor delirante sem drogas nem alucinógenos! A dor real! Que não tem pontos que feche, nem remédio que sare! Nem beijo, nem abraço, nem fago que amenize... Dor! Que ninguém pode saber, entender ou resolver.



26.2.13

Mudança







Construímos habitações onde cada tijolo é bem planejado
São casas onde pretendemos morar por toda a vida
Histórias são escritas em suas paredes, janelas são abertas para o iluminar a casa
Fotos são expostas por moveis, músicas tocam na vitrola
Uma arvore é plantada no jardim, e você a rega todos os dias
Ela cresce exuberante e se mostra cada dia mais frondosa
Vivemos num mundo perfeito que erguemos, não existe interesse de ir a rua
Só que um dia somos obrigados a se mudar, algumas vezes não temos opção
Por onde começar a mudança?
Enfim começamos a tirar as coisas do lugar, mas, mesmo sem discos a vitrola ainda toca a mesma música
As fotos ficaram gravadas na memória
As situações se reprisam como filme por toda a casa
Mas, precisamos fechar as janelas, e trancar a porta
Entre a porta da sala e o portão ainda é um longo caminho
O terraço grita momentos felizes
No jardim flores de papel florescem a todo instante
Um banco que se mostra cheio de recordações
Ao fechar o portão e atravessar a rua, não conseguimos olhar para trás
É como se você quisesse esquecer de uma vez por todas daquele lugar
Mas, um dia você vai passar perto daquele bairro, vai acabar entrando naquela rua
E vai ver a casa linda, talvez reformada
Talvez o novo morador não saiba que você plantou aquela arvore
Porém, ele também tem feito mudanças naquele lugar
Você vai passar em frente e vai olhar para o portão
E em seu coração, sempre existira a esperança de ser convidado para entrar novamente
De sentar no terraço e de tomar um café

Pelo amigo terráqueo Rafael Costa
Ilustração: O próprio


1.2.13

Quando as palavras faltam...

Aquele movimento com as mãos uma sobre a outra pra mostrar o quanto embolada está a  situação...

14.1.13

Aquilo que vem de dentro quando precisa estar fora




Eu não espero muito de você, não espero romantismo, surpresas, flores, declarações, faz tempo que isso não significa muito para mim. Não espero que você diga que me ama, nem espero ao menos que diga que gosta de mim, ninguém tem obrigação de atender ou superar as expectativas. A única coisa que espero é que você seja o motivo de eu acordar sorrindo, o motivo de pegar chuva só pra te ver, quero que você seja a razão de eu quase nunca deixar meu celular no silencioso, só para atender suas chamadas. Eu não quero que você seja algo ruim na minha vida, nem o motivo de lágrimas. Não quero que você seja algo que eu queira esquecer, ou me arrepender. Eu nunca quero ter motivos para falar mal de você. Eu quero que você seja o assunto com minhas amigas e que a parte ruim de você seja: "Ele não larga aquela droga de celular!". Eu não quero que você vá, nem quero que me deixe, nem quero te deixar, e nem que você me deixe ir. Eu não quero fechar a porta na sua cara, nem quero rejeitar suas chamadas, não quero te xingar, e nem ter motivos para isso. Eu já fiz isso tantas vezes, com tantos outros. E com você eu quero muito que não seja assim. Pela primeira vez eu não enjoei da cara de alguém (que é a sua), pela primeira vez eu quero ver alguém (que é você) todos os dias, e acordar com a sua cara inchada de sono, e ouvir a sua voz no fim do dia, porque pela primeira vez eu sinto paz. Dessa vez eu estou torcendo para que dê certo, eu sou aquela na arquibancada que grita com amor a camisa. Eu não quero ter ódio, raiva, ou indiferença. Não quero te ver com outra, nem quero que você xingue quando dirige, ou fique cortando luz para o carro da frente porque ele está na faixa da esquerda à 50 Km/h. Não mude a ponto de destruir a admiração que tenho por você, e nem eu mudo a ponto de destruir o carinho que você tem por mim. Não quero deixar de sorrir quando você aparece, quando você liga, quando você me chama, quando ri. Não quero que você pare de balançar a cabeça quando eu me corto, ou bato o dedinho do pé na parede, ou o cotovelo na geladeira. Eu quero que você lembre de mim como algo bom, eu quero ser a coisa boa para se pensar com a cabeça encostada no vidro da janela do ônibus. Eu quero que seja bom para nós! Que seja bom, e que faça bem... E que seja doce, forte e quente, de um jeito que não se esquece, de um jeito que não doa, de um jeito que não se perca. Eu não espero ser o amor da sua vida, mas se eu for que seja por nossa escolha, que seja porque você deixa que meus pezinhos se esquentem nos seus quando estão com frio, que seja porque nós podemos ser felizes sozinhos, mas nossa escolha foi a de sermos felizes em três, porque o cordão de três fios não se rompe com facilidade!