"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

28.3.17

Acontece?




A sequencia é essa:
Primeiro nós vamos nos ver várias vezes ao dia todo dia, e depois vamos nos ver todo dia, e  vamos querer nos ver pra sempre. E vamos começar a nos ver um dia sim e um dia não, e vamos marcar de sair, mas vai dar errado, e vamos começar a nos ver quando der.
E você vai lá em casa de vez em quando, e vamos nos ver uma vez na semana, e depois uma vez a cada vinte dias. Depois vamos parar de dar bom dia, e depois parar de conversar. Aí vamos nos encontrar sem querer na casa dos nossos amigos naquela social, depois vamos nos encontrar na rua qualquer dia e eu vou perguntar como está na faculdade, e você vai me perguntar se eu consertei o violão. Aí depois de anos vamos passar um pelo outro na rua e fingir que não nos vimos, até o dia que nem vamos mais lembrar do que aconteceu entre nós.
É assim que acontece.

Será que é assim que vai acontecer com a gente?

27.3.17

Que bagunça



Não adianta quantas vezes eu diga que não, que não quero, que não posso, que não dá, que não insista, que não rola, que não é assim, entra por um ouvido e sai pelo outro.
Meu cérebro não assimila a informação que sai da minha boca.
E cada vez que grito pra você sumir, é para que eu ouça minha voz te mandando embora, e me convença de que é isso mesmo que eu quero.
Como te fazer acreditar em algo que nem eu acredito?

24.3.17

Amor de verão

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Passou né, nosso amor de verão.
Começou naquela praia deserta só nós dois, deitados na canga sob a desculpa de que queríamos pegar sol, mas na verdade era pra ficar mais perto.
E aquela musica clichê que eu coloquei pra tocar. Entre nossas gargalhadas SOJA cantava True Love, e nós parecíamos estar num filme de paia com a trilha sonora perfeita.
Você foi como aquele rit chiclete de verão, que gruda na cabeça, que a gente lembra toda hora quando não tá fazendo nada, ou quando tá fazendo alguma coisa, principalmente por causa daquele perfume que insistia em não sair da minha roupa.
Você foi como aquela estação de rádio, que a gente ouve todo dia, que passa as mesmas músicas, e a gente não enjoa, toda hora era hora, e todo dia era dia.
Você foi como o verão, intenso, quente, e suado, quanto menos roupa melhor, é assim né?
Mas passou, foi mais uma estação, e você não combina com o outono, você não tem nada de escuro e chuvoso. Você é puro sol.

Meu sol de verão passageiro, quem sabe se o céu abrir a gente não pegue um bronze por aí.

Três beijos!

22.3.17

Fala baixo




Estou ficando despida de tantos segredos que você desabotoa do meu vestido, e agora o que nos resta senão essas roupas pelo chão, e a verdade nua entre nós?


9.3.17

Esquece o tempo



Entre cafés e poesias, nunca sobra tempo para outras coisas.
Os ponteiros giram mais depressa que essa colher que uso para misturar o açúcar.
Sentido horário.
É tão sentido, que cada tic tac na parede é um tic tac no peito.
Desacelerando, parando, até acabar a pilha.
Até quando perder tempo com o que não é tempo?

6.3.17

Uma historia de entrelinhas



Naquela época eu tinha que ir no circo todos os dias interagir com Lady, a elefante fêmea que foi doada para o Zoológico, então eu ia lá todos os dias com os bolsos cheios de banana, maça e pão (sim, ela adorava pão). Lady é uma Elefante imensa, na época pesava 5 toneladas, e ela me deixava  passar a mão na língua dela. Lady podia acabar comigo, com o tratador e com o ex-dono dela numa pancada só. Lady poderia esmagar nossa cabeça e esmagar nosso corpo rapidinho. Uma vez eu vi Lady brava, e foi assustador. Mas Lady não fazia nenhum mal a ninguém, Lady sequer fugia, e ela poderia fugir, com todo aquele corpo e força, ela fugiria em poucos segundos, mas Lady nunca fugiu, sabe por quê? Porque tinha uma fita de 5 cm de largura que ficava ao redor do local onde ela "morava", e Lady foi condicionada a achar que ela não poderia ultrapassar aquela fita. Então Lady em todas as suas toneladas ficou presa por uma fita de 5 centímetros.
Bom, se Lady soubesse da força que tem, ela conseguiria enxergar mais do que trailers e lona de circo, se ela soubesse da força que tem, ela teria enfrentado o ex-dono dela, e ninguém mandaria nela ou a impediria de nada. Se ao menos ela descobrisse o poder que tem, ela comeria mais do que capim...

A historia da Lady é verdadeira, e a historia nas entrelinhas também.

Muitas vezes é só ultrapassar uma fita de 5 cm para a liberdade.

1.3.17

Meu coração uma supernova




Eu pensei que fosse morrer, que ficaria em pedaços, que meu coração explodiria como uma supernova.

E eu quis morrer sim, muitas vezes pensei qual seria a melhor forma de morrer. E eu fiquei mesmo em pedaços depois que meu coração explodiu, e daí tive que juntar todos os caquinhos que ficaram espalhados.

Mas sei lá né, passa.
É estranho quando passa, é estranho quando as pessoas falam e você não sente nada mais do que um leve conformismo. Será que tem que ser assim mesmo? Será que tá certo isso? Sei lá...

Eu não penso mais em morrer , penso em várias formas diferentes de viver, e meu coração tá aqui inteiro (eu acho).

Interessante é que uma supernova só explode depois que passou por todos os eventos de evolução de uma estrela, e depois ela brilha, brilha tão intensamente que seu pico de luz pode ser mais brilhante que uma galáxia inteira.

O que seria de nós sem as explosões da vida?