"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

27.2.16

Eu odeio você te amo



Eu quero te dar um tapa na cara por você ser tão ridículo, também quero colocar sua cabeça no meu peito e fazer cafuné até você dormir. Eu tenho uma vontade imensa de te dar um soco no estômago, ao mesmo tempo que tenho vontade de tirar tua roupa. Meu pé grita para chutar seu saco, e minha boca grita pela sua. Eu te odeio como te amo. Quero que você suma da minha vida e pegue um avião pra vir me ver. Quero te largar da mesma forma que largaria tudo aqui por você. Quero esquecer você como quem esquece de respirar.


 Eu te amo e dane-se!  Porra! Que merda!

25.2.16

Dias infernais




Os dias terríveis existem sim! Existem porque há em nós uma natureza caótica, causadora da desordem. E principalmente em um coração pesado de dores e mágoas, bater de frente com os acontecimentos do destino causa uma reação que gera mais dor nos que estão ao redor do que em si.
Esses temores do coração enfraquecem pouco a pouco a alma, são como deixar a carne exposta ao ácido. Então pelos dedos escoam as palavras, e de que forma escoaria o coração se não pelos olhos? E aí, a alma prende-se aos medos, mesmo sendo ela livre, dividide-se entre o voar e o enraizar, vivendo um ciclo vicioso masoquista de ferir-se lentamente. E é nesses passos trôpegos, que eu entendo muito pouco, amo muito mais, e sigo.





22.2.16

Finda o horário de verão

Meu dia começou assim, sendo dia 21 às 00 hrs, mas aí teve que voltar para o dia 20 e esperar mais uma hora para ser dia 21 de novo, confuso.
Depois que ele conseguiu ser dia 21, ele deixou pra trás todo o verão e começou como um outono.
Até ontem eu caçava borboletas no sol, mas hoje me limitei a ler um livro enquanto chovia lá fora.

Tudo isso é transição e confusão, tudo isso resume quem sou.
Toda confusão em efusão dentro deste corpo de 59 kg se traduz em transição.

Eu escrevi essa palavra várias vezes pra ver se fazia algum sentido pra mim "transição", pensei que quem está em transição um dia para em algum lugar, para de transitar né? O verão passou para outono, o outono vai ser outono por um bom tempo antes que seja inverno.

Mas e eu?

Eu ainda não estou no destino final, ainda não sou definitiva. E que cada estação vai corrigindo a anterior, como uma nova edição de um livro antigo, será que um dia há de haver uma edição definitiva? Sem consertos, imutável, intransicionável?

Sei lá!

Só não quero continuar sendo pedaços de edições anteriores, mudando de trem com bilhetes de viagens anteriores nos bolsos. Pulando para o outono de chapéu de praia...
Cada transição por vez, até que a porta se feche, até que a alma sare


Cada corte sendo fechado, leva tempo, cuidado e repouso, mas é melhor assim para não correr o risco de abrir novamente. Eu gosto das cicatrizes da alma, me fazem lembrar quem fui, quem sou, quem quero ser, me fazem lembrar que cada 21 de outono a maior transição foi de mim para mim mesma.

16.2.16

Café e tempestades




Tudo é tão novo, tão vivo, tão intenso. Como se cada dia fosse a primeira vez, cada sentimento vem como um turbilhão de redemoinhos em uma pequena xícara de café com a qual começo o dia, tentando engolir os sete mares de uma vez.

É tudo igual, tudo se repete milimetricamente na mesma posição que no dia anterior. No lado esquerdo da caixa torácica. É ali que ele bate na porta, é ali, naquelas primeiras horas da manhã que eu deixo ele entrar, tomamos alguns redemoinhos de café e, como sempre, ele gruda na minha alma como tatuagem. Aquele tempo verbal que passou, mas que continua conjugando meus verbos.

Novo, é o sentimento antigo que fere a alma não acostumada, novo é o derramar-se pela alma ferida todos os dias de forma similar ao dia anterior, novo é o velho arrependimento de uma felicidade perturbada pela velha alma ferida. Novo é o sentimento de querer abandonar esse velho coração tempestuoso, por uma xícara de café e brisa, só assim quando a maré baixar, darei o primeiro gole.


4.2.16

A borra do meu café



Assim que terminei de tomar o café perguntei "Quem sabe ler a borra?", aí o professor respondeu "Eu sei Bri, dá aqui que eu vou ler seu futuro". Nessa hora, todos que estavam na sala prestaram atenção.

- Ih Bri, olha parece que tem alguma coisa aqui que tá fugindo! - ele falou e mostrou a xícara pra nós.
- O que isso significa? - perguntei descrente.
- Ó, prestenção, você vai gostar de alguém, e esse alguém não vai gostar de você... - fez uma pausa - Vixi, você vai correr tanto atras dessa pessoa, ela não vai dar muita bola pra você não em...
- Tem certeza que é sobre o futuro Roger?- perguntei.
- Ué, tenho, tá aqui o desenho - ele mostrou a xícara de novo.
- Isso tá parecendo meu presente... 

Conclusão: a borra tá atrasada.