"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

30.11.11

O que não estava escrito


Ele não veio do céu, nem do inferno. Não caiu de paraquedas, não saiu de uma cartola. Ele apareceu de repente, como num passe de mágica. Ele  não veio por interesse, não planejou nem previu nada. Não teve medo de  falar, de tropeçar no escuro, de se equilibrar numa corda bamba. Nem se importou com o que aconteceria. Ele não esperou nada dela, não fez perguntas e não exigiu respostas. Ele só  queria estar  ao lado dela. Contar histórias e fazê-la rir. Ele só queria olhar pra ela, assim como ela era. E ela deixou, porque pela primeira vez alguém não quis mudá-la, enfeitá-la com laços e fitas. Eles nunca apertaram o botão de pause, mas ela nunca esperou que ele voltasse no outro dia, e ele voltava. Ela não esperava que ele ficasse, mas ele ficava. Ela não esperava que ele fosse, e ele não foi...

28.11.11

Essa noite não



Essa noite eu não quero mais provar o que já provei. Ouvir as mesmas musicas com aqueles arranjos em sol. Não quero café com canela, nem mousse de maracujá, e hoje [só hoje] não vou assistir F.R.I.E.N.D.S! Não quero conversar com as mesmas pessoas, nem falar dos mesmos assuntos [universidade, festa, igreja, amor], isso está me deixando sem cor! Essa noite as estrelas que vou ver são aquelas que brilham no escuro que colei no teto, vou desligar o telefone, ligar o pisca-pisca de natal que comprei ontem, abrir um daqueles Whiskys que meu pai me esconde e eu finjo que não sei onde estão, e ouvir o Chico César. Essa noite eu vou esquecer as escolhas que fiz até hoje, e vou pensar nas que vou fazer a partir de amanhã, porque amanhã é dia de despedidas na porta de casa, essa noite estou sem pressa, sem preço, sem praça... Não quero que Brenda chegue gargalhando no quarto, nem quero que me incomodem, não quero nem que minhas vontades cheguem perto de mim, nem minha alegria, nem minha tristeza, eu não quero nem você por perto, porque hoje, só hoje, quero ser mais minha do que sua.

24.11.11

Meu 1º herói




A história mais fascinante que ouvi foi o meu professor de história quem contou, nunca mais a esqueci, foi na 6ª série. Sobre Leônidas e Xerxes.

Leônidas era rei de Esparta, um guerreiro corajoso e admirável. E Xerxes [Eca] era um persa metido, feio e chato, que queria invadir a Grécia. Leônidas contava com 7.000 homens, entre eles 300 eram espartanos [Por isso que o nome do filme é 300]. Xerxes tinha um número muito superior de guerreiros, ele trouxera 200 navios. Antes de ir para a guerra a esposa de Leônidas disse "Meu amor, volte com o escudo, ou sob o escudo" [Ok, não foi assim que ela disse, mas foi quase assim, eu teria dito assim], isso significa que não é pra desistir, mesmo que você morra.
Leônidas pôs seus guerreiros  bem situados num desfiladeiro chamado Termópilas, "Eles não passarão por nós", disse Leônidas aos homens! Mas foi quando Leônidas estava ganhando a batalha que ele foi traído por um camponês, e o exercito de Xerxes conseguiu contornar e atacar pela retaguarda [=/]. E assim Leônidas foi derrotado até o último homem! No fim, quando Leônidas estava cercado pelos inimigos, Xerxes disse "Me dê suas armas e se entregue", então Leônidas respondeu "Venha pegá-las!" [Bicho corajoso da gota! *-*] daí os inimigos atacaram e mataram Leônidas. Que voltou sob o escudo para sua esposa... [=~~]

Antes de ir à Batalha Xerxes dando uma de gostosão e metido a poeta mandou um mensageiro à Leônidas com o seguinte recado "Renda-se, porque tantas flechas te atirarei que encobrirão a luz do sol!"
Leônidas que não tinha medo de nada deixou Xerxes mais irado com sua poética resposta "Melhor, combateremos à sombra".

E eu, na minha alma de menina, sonhando em ser uma pirata do bem fiz de Leônidas meu primeiro herói...

14.11.11

1, 2, 3...



É preciso ter coragem para amar. É preciso ter muita coragem para desamar!
É bom entender o fim de tarde, o fim do dia, o fim de um capítulo. Retirar a caneta na hora certa para não manchar a página de tinta. Não é todo mundo que consegue mudar o endereço das correspondências destinadas. E não é todo mundo que consegue se equilibrar quando só resta uma corda bamba, quando o que equilibra não é mais a certeza de ter tudo certamente traçado.   Na verdade, quando o cuidado se perde, se vai a poesia, e quando se desacerta assim, é a hora certa da partida. Quando o tempo não junta mais, só separa é hora de olhar bem para os ponteiros e ver que eles vão continuar girando e parar no tempo não é uma boa opção. A gente tem que entender o tempo para deixar de amar. Soltar a corda. Fechar as janelas e a porta. Deixar o outro ir sem dizer adeus. Se desapegar, e apagar de vez! Desamar, seja por raiva, por ciúmes, por necessidade... 
Eu só queria fechar os olhos, contar até três e fazer tudo desaparecer. O orgulho, o apego, o amor...
Mas, depois do 1, 2, 3, tudo ainda está aqui!