"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

27.4.17

Narrativa



... depois do efeito percorrer meu corpo e bagunçar minha mente, lembro que consigo ver algumas luzes fora de foco, a sensação era de leveza e sinto meu corpo sendo puxado por outro antes que eu desabe. A garrafa ainda estava em minhas mãos, alguém me carrega lentamente, enquanto me pergunta coisas sem sentido. Ouço o som do estilhaço da garrafa que escorregou de minhas mãos. O que me parece bem apropriado, já que nesses últimos dias não tenho conseguido segurar mais nada na vida com firmeza mesmo... Ele soltou um palavrão, que serviu para me acordar daquela sonolência e quando abro os olhos vejo outros me olhando de volta, com aquele olhar de bronca, e percebo que estou segura mais uma vez e sorrio. Ele balança a cabeça e solta um "não tem jeito mesmo" e me sorri de volta. Meus sapatos estão sendo tirados e minha cabeça afunda no travesseiro. Eu estou consciente, sei disso porque mais uma vez sinto o medo de sempre...
- Não desligue a lâmpada, e não me deixe só.
- Não vou sair daqui... nunca. - ele disse.

Só que eu estava lá quando o avião dele partiu, acenando e tentando entender o que aconteceu nas ultimas semanas. Como um "Oi" pode se transformar tão rápido num "Adeus".

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