"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

16.2.16

Café e tempestades




Tudo é tão novo, tão vivo, tão intenso. Como se cada dia fosse a primeira vez, cada sentimento vem como um turbilhão de redemoinhos em uma pequena xícara de café com a qual começo o dia, tentando engolir os sete mares de uma vez.

É tudo igual, tudo se repete milimetricamente na mesma posição que no dia anterior. No lado esquerdo da caixa torácica. É ali que ele bate na porta, é ali, naquelas primeiras horas da manhã que eu deixo ele entrar, tomamos alguns redemoinhos de café e, como sempre, ele gruda na minha alma como tatuagem. Aquele tempo verbal que passou, mas que continua conjugando meus verbos.

Novo, é o sentimento antigo que fere a alma não acostumada, novo é o derramar-se pela alma ferida todos os dias de forma similar ao dia anterior, novo é o velho arrependimento de uma felicidade perturbada pela velha alma ferida. Novo é o sentimento de querer abandonar esse velho coração tempestuoso, por uma xícara de café e brisa, só assim quando a maré baixar, darei o primeiro gole.


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