"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

22.2.16

Finda o horário de verão

Meu dia começou assim, sendo dia 21 às 00 hrs, mas aí teve que voltar para o dia 20 e esperar mais uma hora para ser dia 21 de novo, confuso.
Depois que ele conseguiu ser dia 21, ele deixou pra trás todo o verão e começou como um outono.
Até ontem eu caçava borboletas no sol, mas hoje me limitei a ler um livro enquanto chovia lá fora.

Tudo isso é transição e confusão, tudo isso resume quem sou.
Toda confusão em efusão dentro deste corpo de 59 kg se traduz em transição.

Eu escrevi essa palavra várias vezes pra ver se fazia algum sentido pra mim "transição", pensei que quem está em transição um dia para em algum lugar, para de transitar né? O verão passou para outono, o outono vai ser outono por um bom tempo antes que seja inverno.

Mas e eu?

Eu ainda não estou no destino final, ainda não sou definitiva. E que cada estação vai corrigindo a anterior, como uma nova edição de um livro antigo, será que um dia há de haver uma edição definitiva? Sem consertos, imutável, intransicionável?

Sei lá!

Só não quero continuar sendo pedaços de edições anteriores, mudando de trem com bilhetes de viagens anteriores nos bolsos. Pulando para o outono de chapéu de praia...
Cada transição por vez, até que a porta se feche, até que a alma sare


Cada corte sendo fechado, leva tempo, cuidado e repouso, mas é melhor assim para não correr o risco de abrir novamente. Eu gosto das cicatrizes da alma, me fazem lembrar quem fui, quem sou, quem quero ser, me fazem lembrar que cada 21 de outono a maior transição foi de mim para mim mesma.

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