"Quem tinha tempo para a poesia? Pois ela comprou um carrinho invisível e começou a catar palavrão" Rita Apoena

19.1.16

Deixa eu voltar



Se eu conseguisse viajar de volta eu não faria as malas, não compraria mais um biquíni, não procuraria os pontos turísticos, não pesquisaria hotel, não alugaria carro, não planejaria passeios. Eu iria com o vestido que estou agora, iria descalça, com esse cabelo preso e com esse rosto vermelho e inchado, iria com esse desespero e a certeza de encontrá-la, só para avisar que a estrada será escura demais, dolorosa demais, sofrida demais. Arriscar toda felicidade não vale  a pena, que o amor um dia cansa, que sorriso também engana. Queria dizer pra ela que recomeçar dá medo, que achar o caminho de volta é demorado, e que esse caminho é longo, que o melhor a se fazer é mudar a rota, observar as placas de advertência, desviar dos buracos, da lama, o instinto pode ser selvagem e irracional. Ela precisaria saber que nem toda luz é sol, que nem todo afeto é carinho, e que o coração engana, que a honestidade dói, e que a mentira dói ainda mais, ela iria perceber quem é que ama e quem se importa. Se eu apenas pudesse avisá-la...

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